Um exemplo de paródia e de transgressão/manutenção
é
o poema "As meninas da gare", do escritor
modernista Oswald de
Andrade, transcrito abaixo,
e que parodia um trecho da Carta de Caminha:
Ali andavam entre eles três ou quatro moças, bem novinhas e
gentis, com
cabelos muito pretos, compridos pelas costas;
e suas vergonhas, tão altas, tão cerradinhas e tão limpas
das cabeleiras
que, de as nós bem olharmos, não se envergonhavam.
( CAMINHA, Pero Vaz de Cartas a EL Rei D.
Manuel São Paulo. DomInus. 1963)
Eram três ou quatro moças bem moças e bem gentis
Com cabelos mui pretos pelas espáduas
E suas vergonhas tão altas e tão saradinhas
Que de nós as muito bem olharmos
Não tínhamos nenhuma vergonha
(ANDRADE, Oswald de.
Cadernos de poesia do aluno Oswald.
São Paulo: Cículo do livro,p.72)
poeticamente em "As meninas da
gare" um trecho da carta de
Pero Vaz Caminha a Dom Manuel. As palavras da
carta e do
poema são praticamente as mesmas, mas o sentido é diferente.
Caminha
fala da inocência das índias, tanta inocência que elas
tinham que de olhar as
suas vergonhas, ele não sentia vergonha.
Já o poeta, ao dar um título (As
meninas da gare), muda a semântica:
gare, em francês, significa estação de
estrada de ferro, ou seja, eram
as prostitutas e justamente por serem
prostitutas, não sentia vergonha
de muito bem olhar suas vergonhas
vai toma no cúúúú
ResponderExcluir