Narração: Discursos Direto,
Indireto e Indireto Livre.
Na narração, existem três formas de citar a fala (discurso)
dos personagens: o discurso direto, o discurso indireto e o discurso indireto
livre.
Discurso direto: Por meio do discurso direto,
reproduzem-se literalmente as palavras do personagem. Esse tipo de citação é
muito interessante, pois serve como uma espécie de comprovação figurativa
(concreta) daquilo que acabou de ser exposto (ou que ainda vai ser) pelo
narrador. É como se o personagem surgisse, por meio de suas palavras, aos olhos
do leitor, comprovando os dados relatados imparcialmente pelo narrador. O
recurso gráfico utilizado para atribuir a autoria da fala a outrem, que não o
produtor do texto, são as aspas ou o travessão. O discurso direto pode ser
transcrito:
a) Após dois-pontos, sem verbo dicendi (utilizado para
introduzir discursos)
E, para o promotor, o processo não vem correndo como
deveria: “Às vezes sinto morosidade por parte do juiz”.
*Utilizando-se o sinal de dois-pontos, o ponto final deve
sempre ficar fora das aspas, tendo em vista que encerra todo o período (de E…
até juiz).
b) Após dois-pontos, com verbo dicendi (evitável)
E o promotor disse: “Às vezes sinto morosidade por parte
do juiz”.
c) Após dois-pontos, com travessão:
E Carlos, indignado, gritou:
- Onde estão todos???
- Onde estão todos???
d) Após ponto, sem verbo dicendi
E, para o promotor, o processo não vem correndo como
deveria. “Às vezes sinto morosidade por parte do juiz.”
* O ponto final ficou dentro das aspas pois encerrou somente
o período correspondente à fala do entrevistado (personagem).
e) Após ponto, com verbo dicendi após a citação
E, para o promotor, o processo não vem correndo como
deveria. “Às vezes sinto morosidade por parte do juiz”, declarou.
f) Integrado com a narração, sem sinal de pontuação
E, para o promotor, o processo não vem correndo como
deveria, porque “Às vezes se nota morosidade por parte do juiz”.
Discurso indireto: Por meio do discurso
indireto, a fala do personagem é filtrada pela do narrador (você, no caso). Não
mais há a transcrição literal do que o personagem falou, mas a transcrição
subordinada à fala de quem escreve o texto. No discurso indireto, utiliza-se,
após o verbo dicendi, a oração subordinada (uma oração que depende da sua
oração) introduzida, geralmente, pelas conjunções que e se, que podem estar
elípticas (escondidas).
Exemplos:
Fala do personagem: Eu não quero mais trabalhar.
Discurso indireto: Pedro disse que não queria mais trabalhar.
Discurso indireto: Pedro disse que não queria mais trabalhar.
Fala do personagem: Eu não roubei nada deste lugar.
Discurso indireto: O acusado declarou à imprensa que não tinha roubado nada daquele lugar.
Discurso indireto: O acusado declarou à imprensa que não tinha roubado nada daquele lugar.
Você notou que, na transcrição indireta do discurso, há
modificações em algumas estruturas gramaticais, como no tempo verbal (quero,
queria; roubei, tinha roubado), nos pronomes (deste, daquele), etc. Confira a
tabela de transposição do discurso direto para o indireto:
DIRETO - Enunciado em primeira ou em segunda
pessoa: “Eu não confio mais na Justiça”; ” Delegado, o senhor vai me prender?”
INDIRETO – Enunciado em terceira pessoa: O
detento disse que (ele) não confiava mais na Justiça; Logo depois, perguntou ao
delegado se (ele) iria prendê-lo.
DIRETO – Verbo no presente: “Eu não confio mais
na Justiça”
INDIRETO – Verbo no pretérito imperfeito do
indicativo: O detento disse que não confiava mais na Justiça.
DIRETO – Verbo no pretérito perfeito: “Eu não
roubei nada”
INDIRETO – Verbo no pretérito mais-que-perfeito
composto do indicativo ou no pretérito mais-que-perfeito: O acusado
defendeu-se, dizendo que não tinha roubado (que não roubara) nada
DIRETO – Verbo no futuro do presente: “Faremos
justiça de qualquer maneira”
INDIRETO – Verbo no futuro do pretérito:
Declararam que fariam justiça de qualquer maneira.
DIRETO – Verbo no imperativo: “Saia da
delegacia”, disse o delegado ao promotor.
INDIRETO – Verbo no pretérito imperfeito do
subjuntivo: O delegado ordenou ao promotor que saísse da delegacia.
DIRETO – Pronomes este, esta, isto, esse, essa,
isso: “A esta hora não responderei nada”
INDIRETO – Pronomes aquele, aquela, aquilo: O
gerente da empresa tentou justificar-se, dizendo que àquela hora não
responderia nada à imprensa.
DIRETO – Advérbio aqui: “Daqui eu não saio tão
cedo”
INDIRETO – Advérbio ali: O grevista certificou
os policiais de que dali não sairia tão cedo..
Discurso indireto livre: Esse tipo de citação
exige muita atenção do leitor, porque a fala do personagem não é destacada
pelas aspas, nem introduzida por verbo dicendi ou travessão. A fala surge de
repente, no meio da narração, como se fossem palavras do narrador. Mas, na
verdade, são as palavras do personagem, que surgem como atrevidas, sem avisar a
ninguém.
Exemplo: Carolina já não sabia o que fazer. Estava
desesperada, com a fome encarrapitada. Que fome! Que faço? Mas
parecia que uma luz existia…
A fala da personagem – em negrito, para que você possa
enxergá-la – não foi destacada. Cabe ao leitor atento a sua identificação.